04 agosto 2011

No Chile, Piñera aplica decreto de Pinochet para reprimir protesto de estudantes

Mobilizando mil policiais e aplicando um decreto editado pelo ditador Augusto Pinochet, o governo de Sebastián Piñera proibiu e dispersou nesta quinta-feira (4) duas numerosas marchas de estudantes. Elas foram convocadas para protestar contra o sistema de ensino e foram consideradas “fora da lei” pelo ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter.

“As marchas se encontram fora da margem da lei, porque não foram autorizadas. Parece-me inconveniente que os movimentos estudantis e o Colégio de Professores se sintam no direito de realizar mobilizações. No Chile, ninguém está sobre a lei”, disse Hinzpeter.

O decreto firmado pelo ditador Pinochet em 1983 reconhece que as pessoas tem direito de manifestação, mas devem pedir permissão às autoridades. O governo de Piñera justificou a medida assinalando que os estudantes “não são donos do país”, alertando aos pais que seus filhos poderiam sair “lesionados” se participassem das marchas. A decisão de criminalizar as marchas foi justificada pelo governo com base na necessidade de “manter a ordem”.

O presidente do Colégio de Professores, Jaime Gajardo, definiu como inconstitucional a medida do governo de Piñera que enfrenta há dois meses uma greve de estudantes. Paralelamente, as lideranças estudantis sustentam que a atitude do governo complica o diálogo iniciado nesta semana, a respeito da demanda da educação pública gratuita no país.

Durante a dispersão das marchas, os jovens se sentaram para demonstrar a natureza pacífica da manifestação. mesmo assim, alguns estudantes foram detidos, além de enfrentar a repressão policial que utilizou gás lacrimogênio.

De acordo com a Confech (Confederação de Estudantes Universitários do Chile) uma paralisação nacional vai ocorrer no próxima terça (9). Segundo a presidente da Confederação, Camila Vallejo, nesta sexta-feira as entidades estudantis darão uma resposta definitiva sobre uma proposta de reforma educacional entregue pelo governo na última segunda-feira (1º).

Os estudantes, que mobilizaram atos que reuniram 400 mil pessoas as últimas semanas, exigem que o ensino básico e universitário seja gratuito no Chile. No país, a maior parte da educação escolar requer pagamento de mensalidade e a educação universitária é uma das mais caras do mundo, segundo a OCDE.

Fonte: Portal Sul 21, com informação de La Radio del Sur e Ansa

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