01 agosto 2011

Pelo menos 550 alunos de escolas da Capital voltam às aulas em contêineres

Diretores da Coelho Neto e da Rafaela Remião anseiam término das obras

Pelo menos 550 alunos de escolas da Capital voltam às aulas em contêneires
Crédito: Cristiano Estrela
A volta às aulas nesta segunda-feira representou, para alunos de duas escolas do Estado, a retomada da rotina de problemas e privações. Afinal, desde 2009 duas escolas estaduais de Porto Alegre submetem seus alunos à assistir aulas em contêineres de lata. Os diretores da Coelho Neto, no bairro Bom Jesus, e da Rafaela Remião, na Lomba do Pinheiro, aguardam com grande expectativa a conclusão de obras para definitivamente acabar com as conhecidas “escolas de lata”.

Na Coelho Neto, cerca de 300 alunos têm aula em contêineres. Apesar do ritmo acelerado dos trabalhos para o término das obras de edificação do novo prédio, a diretora Patrícia Andreola da Silva demonstra preocupação. “A previsão inicial era 12 de junho. A Secretaria Estadual da Educação fez uma nova estimativa de conclusão para setembro”, frisou.

Por outro lado, lembrou que, no mês passado, o Diário Oficial do Estado divulgou a renovação dos contratos com os proprietários dos contêineres por mais 90 dias. “Temos apenas informações extraoficiais, mas nenhum prazo determinado”, reclamou.

Na Restinga, quase 250 alunos assistem aulas em contêineres. Na escola da zona Sul, é a morosidade das obras que preocupa, conforme a diretora Maria Garcia dos Santos. “Entramos em contato com as secretarias de Educação e de Obras na semana passada. A cada dia o número de pessoas trabalhando na obra é menor. A construtora alega atrasos no pagamento e ameaça parar tudo”, revelou.

Em comum, as duas instituições enfrentam muitas dificuldades por causa das escolas de lata. “Quando chove mais forte a frequência cai bastante”, contou Maria. Segunda ela, os professores solicitam que os alunos levarem mantas e cobertores para cobrir as pernas. “Uma professora, inclusive, trouxe uma estufa de casa para diminuir o frio na sala de aula”, relatou.

A diretora da Coelho Neto frisou que aprendizado “nessas latas” fica comprometido. “A acústica é terrível, ouve-se tudo na sala ao lado, sem falar no frio. Nossos alunos são oriundos de comunidades carentes e, às vezes, não têm cobertor em casa”, assinalou. Ela argumentou que muitas salas apresentam goteiras e colocar estufas é inviável financeiramente, além de haver quedas frequentes de energia.

“É ruim para o professor também, que fica frustrado ao não ter um estudante concentrado. Além disso, por uma questão de espaço, suspendemos o recreio pelo risco de acidentes”, apontou. Na Escola Estadual Anne Frank, o segundo semestre letivo não tem previsão de iniciar devido ao atraso em obras na rede elétrica. Segundo a direção, em duas semanas será possível estabelecer uma data para o início das atividades.


Na escola Coelho Neto, cerca de 300 alunos têm aula em contêineres | Foto: Cristiano Estrela

SEC quer solucionar contêineres ainda neste ano

Levantamento da Secretaria Estadual de Educação (SEC) aponta que metade das 2,5 mil escolas da rede precisam de algum tipo de melhoria. As obras demandariam investimentos de R$ 600 milhões. De acordo com o secretário José Clóvis de Azevedo, os investimentos devem ser feitos nos próximos três anos. “Como o valor é muito alto, as obras só serão feitas ao longo do governo. Os recursos podem sair do Tesouro do Estado ou de dois programas do Ministério da Educação”, apontou.

Situações como a das escolas Rafaela Remião e Coelho Neto, onde 550 alunos assistem aulas de maneira improvisada há quase dois anos em contêineres, devem ser solucionadas ainda este ano. “Estas são as duas últimas escolas de lata. O atraso se deve à tentativa das empresas de ganharem mais dinheiro”, observou. Segundo ele, as empresas começam a pressionar para aditivos, começam a retirar pessoal, a reduzir o ritmo das obras.

“Não há justificativa para uma obra prevista para ser finalizada em fevereiro permanecer inacabada”, enfatizou. O secretário disse que está negociando com os empreiteiros a agilização dos trabalhos. “Não aguentamos mais ver os alunos passando por essa situação herdada do governo anterior”, disse Azevedo.

Fonte Correio do Povo de 1º de agosto de 2011 - On line

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